quarta-feira, 23 de julho de 2008

£enda S.A



Bem, vamos falar sobre as coisas legais em se ter uma banda. Devem estar imaginando aí: "Ser famoso(é, ainda não conheço esse artista que não sinta falta de tomar um chop com um brother na praia, em pleno domingão, cheio de gente em volta), pegar geral quando sai do palco, pq foi o grande astro da noite(quêm não conhece nenhum herói da música brasileira que tenha morrido de aids? Onde eles pegaram? Nem os próprios fazem idéia), ser aclamado pela multidão(é daí que se começa a ser otário com os próprios amigos), usar drogas e ficar chapado e bêbado o dia inteiro e ter uma justificativa pra isso-este é o meu trabalho, sou um astro do rock(John Bohan, Lenny Stanley, Kurt Cobain, Janis Joplin, Jimmy Hendrix...e por aí vai. Quêm não sente falta?), etc." Pow, então pra que diabos serve você ter uma banda? Ahh, é aqui que eu entro. Alguém lembra de um tal de John Lennon? Pois é...esse cidadão gostava de fazer um som com os amigos, adorava ver o público delirar, mas em 1969 estava tão totalmente desmotivado com uma tal de guerra do Vietnan que cultivou um sentimento de total repúdio a esse conflito irracional. Como um bom músico exprimiu isso na música "merry xmas - war is over". Com que objetivo? Ser aclamado? Talvez. Pegar um monte de mulher? Não, ele estava feliz ao lado de sua japinha feinha, Yoko Ono, mas que devia ter alguma coisa que o deixava mais do que satisfeito. Ser famoso? Nessa hora a fama já devia encher o saco, mas ele a usaria como ferramenta pra fazer o que ele realmente queria: ALERTAR O MUNDO. E não só isso, precionar o governo para que desse fim àquela guerra inconsequente. No fim das contas, o que John Lennon queria com aquela música? Passar para quêm quizesse ouvir o que ele pensava, suas ideologias, sua maneira de ver o mundo. O legal de ter uma banda é isso...se eu achar que um cigarro é bom de vez enquando e eu travo uma batalha diária com ele, sendo que um dia eu vou perder, mas vou de peito aberto, eu escrevo sobre isso; se eu achar que a evolução humana não atingiu as nossas almas, e que continuamos os mesmos porcos de 1000 anos atrás eu transformo em música. Ter uma banda te abre a oportunidade de explicar pra um monte de gente o que você sente, quais seus anceios, e reivindicar o que você acha que tá errado nesse mundo. A responsabilidade é grande. Você é um psicólogo. As pessoas te ouvem, e mesmo que não seja aquilo o que você quiz passar, elas se identificam com alguma parte da sua música que coube perfeitamente em dado momento que ela passa, e fica melhor, pelo menos naquele tempo. Um cara tem dois caminhos a seguir. No maior dilema, ouve sua música enquanto sai cabisbaixo para um bar com o amigo de infância, e se identifica, ficando feliz e decidindo o que pode mudar sua vida, enchendo a cara com o amigo e acordando de ressaca no dia seguinte( é, tudo tem seu lado ruim). E você só precisa usar seu talento, fazer uma melodia bonita, ou empolgante, passar uma mensagem positiva-responsabilidade-e depois ser reconhecido, pois o reconhecimento é que te dá forças pra continuar esse trabalho. Nada de ser aclamado, glorificado, etc. O reconhecimento pode vir em forma de uma salva de palmas, uma pessoa que chega na sua mesa depois da apresentação pra dar os parabéns pelo trabalho, ou o próprio público, que, de preferência não ligando a mínima pra quêm seja aquele mané como pedaço de maneira ligado na caixa barulhenta batendo nas cordas de aço com um pedaço de plástico, piram ao ouvir aquele som, e agitam como se aquela fosse a última noite da história, sem pensar mais em nada, só curtindo. Aquilo dá forças pra um músico continuar o trabalho dele. O quê? Ouvir um som MEU...de minha autoria? Eu que bati nas cordas de um jeito diferente fiz esse barulho e coloquei um letra com minhas ideias e as pessoas gostaram? Vou fazer mais disso. Pra bons artistas...artistas de verdade, isso é o que importa. Pra esses poucos artistas que existem no mundo um público de 20 pessoas, no máximo, pirando no seu show equivale a um estádio lotado. A alegria é inigualável. Obrigado galera do Bar do Nelson, dia 18/07/2008. Vocês devolveram à £enda S.A a vontade de nunca parar de tocar.





£enda S.A- Bar do Nelson dia 18/07/2008- Jeremy da banda americana Pearl Jam, e A.C da £enda S.A



PS - A gravação de um show se faz ligando o gravador direto na mesa de som. Microfones de câmeras não servem, e muito menos de celulares, que é como foi gravado o respectivo vídeo. Então a imagem está péssima mas não tanto quanto o som que está todo estourado e abafado. Mesmo assim é o único registro, graças a meu grande amigo Poção.


terça-feira, 8 de julho de 2008

Outro lado de mim


MÚSICA:

Cinco horas da manhã, escuro

o tempo fecha, e só a luz que vai chegar
Conto as horas pra saber a hora


Quanta briga insiste a se alimentar



Quero ir para o outro lado de mim mesmo, ver meu sangue descansar
Quero ter flores e candelabros desaparecendo quando o sol chegar




Caminhando na penumbra, vão meus pés acelerando

vento devagar

Vou subir pra onde está surgindo um funeral descartável

vou descansar

Lucas Ribeiro Aparecido



SITUAÇÃO DE INSPIRAÇÃO:

Um cidadão cansado de uma noite de diversão com os amigos, que passara um pouco da conta, morrendo de sono, às cinco horas da manhã, com o céu clareando, esperando uma carona do pai de um amigo, mas também aguardando o término de uma briga de casal, envolvendo o referido amigo, afim de que este silicitasse a carona. A última estrofe diz respeito ao momento em que o cidadão chega na rua de casa, e fica emocionado com o fato, que embora parecesse bobo, na condição física em que estava, era uma glória.



CONSIDERAÇÕES:

Como se pode ver, a música retrata um ambiente sombrio e uma situação em que ocorre um velório ou algo do tipo. À primeira vista, qualquer um pensaria estar diante de uma letra de música gótica, mas se trata de uma música a qual eu compus pra minha banda, que toca um som meio derivado do grunge dos anos 90, algo entre o fim dos anos 60 e 70, e até do meio daquele, e algumas outras influencias, mas nada de macabro e de sacrifícios de animais em cima do palco. As lendas urbanas podem assemelhar-se a ela no ponto em que, ao ler a explicação, o fato que inspirou a criação da letra, percebe-se que de nada tem haver com o que foi literalmente passado, e expunha o simples fato de um garoto cansado, querendo ir pra casa mas não tendo meios para faze-lo. Porém, daí poderia surgir tranquilamente uma lenda urbana de uma seita secreca, algo haver com o horário(cinco horas da manhã), um significado cósmico, místico, de algo em que as pessoas deitariam para a morte para em seguida levantarem revigoradas, ou qualquer maluquisse dessas, e no fim das contas, o que deu origem a tudo foi um simples evento cotidiano.

Lendas são visões distorcidas da realidade, que contam a própria realidade de uma maneira nada sutil, nos fazendo acreditar no seu sentido literal por preguiça de analisar o significado implícito. Questão de pura hermenêutica. Interpretar, antes de captar e assimilar logo de início o que nos é passado é fundamental.