terça-feira, 23 de setembro de 2008

Covardia



"Felicidade"...palavra antiga, por muitos conceituada, mas que vê seu conceito pura e simplesmente aflorado dentro de cada pessoa. É algo irreal, imaterial, não se explica. Ninguém pode conceituar felicidade, é um sentimento, você só pode diagnosticar que está feliz, e não caucular isso por meio de fatos. A felicidade não é coisa do mundo racional, do mundo dos fatos, do verso...vai mais além, pertence ao uno, ao cosmo, à realidade, à verdade, e não tentemos caucular a verdade por facticidades tolas desse mundinho imaginário que se manifesta aos nossos olhos. Bem, me empolguém lendo filosofias derivadas da metafísica e da mística. Viagens a parte, não preciso dizer que a felicidade não é algo que se compra com dinheiro, acho que todos devem saber disso. Então alguém me explica por favor, porquê diabos as pessoas continuam se enfiando em ocupações totalmente inconvenientes ao espírito natural que carregou durante toda infância e adolescencia? Porquê vários jovens de 18, 19 anos prestam vestibular para medicina a fim de satisfazer o ego imbecil de seus responsáveis, o tornando um péssimo médico, infeliz com sua vida, mal remunerado, trabalhando em plantões de hospitais públicos, dormindo 2 horas por dia, viciado em remédios, de fácil acesso, e estragando a vida de milhares de pessoas que passem pelas mãos dele e necessitem de um bom atendimento urgentemente, enquanto ele poderia ser um pintor, fazendo belíssimos quadros, feliz com sua vida, dando aulas na faculdade e passando para outros jovens o seu amor pela arte, e no fim de tudo contando histórias para seus netos de como a vida valeu a pena? Quer dizer, o capitalismo é sim o regime que mais funciona para o "homem" e sua gana natural por mais. A prova viva disso é Silvio Santos, um camelozinho de rua, que vendia canetas com a tática impecável de: "atenção, é a última em, está acabando, aproveite e compre log a sua enquanto está barato", mas que, apesar de boa nunca imaginaríamos o levar até onde o levou: jogar aviôezinhos de 50 e 100 reais para as pessoas. Imaginem só, ele deve assoar o nariz com notas de 20, as mesmas que eu uso no dia-a-dia dando o maior valor. Outro exemplo é o meu velho, que nem terminou o colegial, e hoje tem um firma de representação que trabalha com uma das maiores fábricas de móveis do mundo, e a maior do Brasil. Mas essas pessoas GOSTAM de dinheiro, quer dizer, quêm não gosta? Aliás, você ia se sentir muito bem se pudesse comprar tudo o que vê de legal nas vitrines dos shoppings sem se preocupar com o dinheiro não é? Isso depende muito, da procedência desse dinheiro. No caso de ele advir de uma ocupação que tome a maior parte do seu tempo e pela qual você tenha verdadeira antipatia as compras funcionarão como um meio de diminuir a frustração e raiva que a pessoa sente, apenas isso. Portanto de que adianta você fazer uma faculdade de engenharia(algumas pessoas, como eu, dão sorte de achar o curso interessante, mas se ver trabalhando dentro da área complica um pouco as coisas, quando se quer mais do que tudo fazer algo oposto), só por que seus pais disseram a alguns anos que como professor de educação física você não ia ganhar dinheiro, e não ia ser feliz. Quêm garante, que aquele cara que passa a manhã praticando esportes e malhando, almoça com o pouco dinheiro que tem, a tarde terina o time de fitebol de cegos, a noite dá aulas em uma faculdade, sábado de manhã treina uma mulecada de natação, por um projeto social(sem receber um centavo), e domingo vai bater bola com a galera na praia, e tomar um choppinho(afinal, ninguém e de ferro), não é feliz pra caralho, com a numeração mínima, de 3 dígitos que acompanha a telinha do caixa-eletrônico toda vez que este vai olhar o saldo da conta bancária? Eu garanto a todos que um engenheiro, que odeia o emprego, trabalha 10 horas por dia nisso, na firma da família, que aliás, rende bons frutos, tendo carro do ano, casa de dois andares em bairro nobre, e todo dinheiro que nunca via poder gastar, é tão infeliz quanto uma tartaruga de 11 anos que vive em uma pequena bacia, desde sempre. E um músico, que toca todas as noite em barzinho, nunca teve a sorte de estourar em uma gravadora, e dá aulas na escola de música e na universidade federal do maranhão, andando todos os dias de ônibus, às vezes a pé, às vezes de bicicleta velha, e ganhando o sufucuente para ter um aprto no primeiro andar no bairro do bequimão, tendo seu violãozinho, uma gatinha que vai sempre nauqle barzinho e sorri quando ele termina o seu show(um dia, pensa ele sorrindo, um dia), toda grana regrada, mas a felicidade imperando, pois faz da vida, o que AMA realmente fazer, e vive disso. 

Às vezes me acho um pouco covarde. Afinal, tentar viver de música sim eu tendo, mas em primeiro plano tem que estar a faculdade que "escolheram" pra mim. Na verdade foi mais um incentivo, a escolha foi feita por mim próprio. Realmente eu gosto do curso, gosto mesmo, acho interesantíssimo, e até me divirto estudadno às vezes, mas o que me deixaria mais feliz nesse mundo, seria viver de música. Talvez eu tenha escolhido por livre e espontânea vontade por conta de afirmações do tipo "felicidade fazendo o que quer? vai ver felicidade é quando não tiver dinheiro pra fazer alguma coisa que quer muito, aí você vai ver a felicidade estar em faze ro que quer...Você tem é que ganhar dinheiro, pra fazer o que você quizer sem se preocupar"(não faz muito sentido, é bastante paradoxal, o fato de você usar a maior parte do seu tempo, fazendo o que não quer, para ter meio de fazer o que quer). O fato é que a vida passa e agente nem vê. Outro dia eu estava jogando bola com o braço quebrado(conssequência de brincadeiras de criança) na escola no meio da festinha de aniversário da minha irmã menor, e hoje estou aqui, cursando mais da metade de um curso que, é interessante, mas não sei se é o que quero pra mim. Às vezes me acho um pouco covarde...e hipócrita também, pregando algo que não faço. É mais questão de coragem, por isso a parte da covardia. Acho que não tenho coragem de me enfiar em uma totalmente sem apoio. Como dito anteriormente, o capitalismo é sim o melhor regime existente, pois permite que pessoas saiam de suas classes sociais, por mais baixas que sejam, e erijam-se até ao posto mais alto da sociedade. O sistema é correto, na aplicação econômica, não na educação. A educação deveria ser de livre e espontânea escolha, com todo o apoio, independente de que escolha seja esta(exceto vagabundo, bêbado, ou afins). Aliás...dinheiro é conssequência de quando se faz algo bem, e só se faz algo bem, BEM de verdade, quando se gosta de coração daquilo que se está fazendo. Às vezes me acho um pouco covarde, hipócrota...e um pouquinho invejoso, com aqueles que tem a coragem que eu não tenho. Não de estar no lugar dessas pessoas, em hipótese alguma, mas somente de ter a coragem que elas tem...só isso, só a coragem. Se isso fosse emprestável...É, agora eu tenho que ir, gurdar meu violão que tá aqui do meu lado direito e pegar o livro pra estudar, qfinal, é semana de provas. Qualquer dia eu encho o saco e jogo toda essa porra pro ar.